Educação e Tecnologias Imersivas

Profº Tiago Bodê

Introdução

As tecnologias imersivas estão cada vez mais presentes na sociedade contemporânea, oferecendo novas possibilidades de interação e aprendizado. No contexto educacional, essas tecnologias podem ser ferramentas poderosas para a democratização do conhecimento, especialmente em comunidades com acesso limitado a recursos físicos. Este painel acadêmico busca explorar o papel dessas tecnologias na educação, com foco em como elas podem contribuir para uma formação crítica e emancipatória, particularmente em áreas marginalizadas.

Educação Tecnológica e Social: Um Contexto de Transformação

A educação, especialmente em comunidades periféricas, enfrenta desafios únicos relacionados ao acesso a recursos e à tecnologia. Durante seu doutorado, o Prof. Tiago Bodê trabalhou com a educação científica e tecnológica em comunidades como Paraisópolis e Vila Andrade, em São Paulo, buscando utilizar tecnologias para promover o empoderamento social (Bodê, 2021). A introdução de ferramentas tecnológicas, como a inteligência artificial e as tecnologias imersivas, tem o potencial de não apenas ampliar o acesso ao conhecimento, mas também fomentar a participação ativa dos estudantes na resolução de problemas sociais.

Tecnologias Imersivas e o Ambiente Educacional

As tecnologias imersivas incluem dispositivos como óculos de realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV), que permitem a interação em ambientes simulados ou expandidos. Esses recursos têm grande potencial em disciplinas como ciências, geografia e biologia, permitindo que estudantes explorem espaços inacessíveis fisicamente e realizem experimentos complexos de forma virtual (Gran, Chistino e Tori, 2018).

A realidade aumentada, por exemplo, pode ser usada para enriquecer o aprendizado, adicionando informações sobre objetos físicos em tempo real, como ocorre em museus ou laboratórios virtuais. Já a realidade virtual pode criar ambientes de aprendizado imersivos, onde estudantes podem visualizar o corpo humano ou a estrutura de células, por exemplo, permitindo uma compreensão mais profunda de conceitos complexos (Bodê, 2023).

A Importância da Integração Pedagógica

Embora as tecnologias imersivas ofereçam uma vasta gama de possibilidades, é fundamental que seu uso esteja alinhado a objetivos pedagógicos claros. O Prof. Bodê destaca a importância de evitar o uso dessas ferramentas como mero entretenimento. A tecnologia deve ser integrada ao currículo de forma a promover habilidades críticas e resolver problemas reais enfrentados pelos estudantes e suas comunidades (Freire, 1996). Em seu trabalho com estudantes de comunidades periféricas, ele utilizou a RA e a RV para ajudar os alunos a mapear suas próprias comunidades e identificar problemas sociais, como a falta de saneamento básico e a violência.

Empoderamento Social Através da Educação Científica e Tecnológica

O trabalho desenvolvido por Bodê em comunidades marginalizadas também revelou o potencial das tecnologias imersivas para promover o empoderamento social. Ao aprender a utilizar ferramentas tecnológicas e aplicá-las em problemas do dia a dia, os estudantes desenvolveram habilidades científicas e digitais que lhes permitiram intervir em suas realidades locais. Esse processo é alinhado à ideia de letramento científico e digital, essenciais para que os indivíduos possam exercer plenamente sua cidadania em uma sociedade tecnológica (Santos, 2000).

Desafios e Oportunidades

Apesar do potencial das tecnologias imersivas, ainda há grandes desafios em sua implementação, especialmente em comunidades com infraestrutura limitada. A falta de acesso à internet, recursos financeiros e formação adequada dos professores são barreiras significativas. Além disso, muitas escolas recebem equipamentos tecnológicos, como projetores e laboratórios, mas não conseguem utilizá-los devido à falta de treinamento ou regulamentações que dificultam sua implementação prática (Bodê, 2021).

Esses desafios indicam a necessidade de parcerias entre escolas, universidades e outras instituições para facilitar o acesso a essas tecnologias. A colaboração entre diferentes setores pode proporcionar recursos e treinamentos necessários para que as tecnologias imersivas sejam integradas de maneira eficaz no ambiente educacional.

Conclusão

As tecnologias imersivas apresentam um enorme potencial para transformar a educação, especialmente em comunidades carentes. Quando usadas de forma consciente e pedagógica, essas ferramentas podem promover o empoderamento social e o letramento científico, ajudando os estudantes a se tornarem cidadãos críticos e ativos em suas comunidades. No entanto, para que esse potencial seja realizado, é essencial superar desafios de infraestrutura e garantir que os professores estejam preparados para integrar essas tecnologias de maneira significativa.

Referências

  • Bodê, T. (2021). Educação científica e tecnológica como ferramenta de empoderamento social em comunidades periféricas. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
  • Freire, P. (1996). Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra.
  • Gran, A., Chistino, B., & Tori, R. (2018). Tecnologias Imersivas na Educação: Realidade Aumentada e Realidade Virtual. Revista de Educação e Tecnologia.
  • Santos, M. (2000). Por uma Outra Globalização: Do Pensamento Único à Consciência Universal. Record.

Este artigo foi baseado na palestra “Escola Cidadã: As Tecnologias Imersivas” apresentada pelo professor Tiago Bodê no seminário RIEFA, disponível no YouTube.

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